“Jogar na cara” é uma expressão que usamos para indicar quando uma pessoa lança diante de outra os erros dela, para mostrar o quanto ela não merece receber o que pede. Quando alguém “joga na cara” do outro o seu erro, geralmente, afirma também o quanto ele mesmo é bom, apenas para enfatizar ainda mais que a pessoa não merece o que ele está dando. O apóstolo Tiago diz que Deus “não joga na cara”, ao usar o termo ‘impropera’: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg 1.5). Na verdade, no original grego, ele usa a palavra ‘oneidizo’, que significa: repreender, insultar, censurar. A versão Revista e Corrigida traduz “nada lhes impropera” como “não lançar em rosto”.
Ao pedir sabedoria, podemos ter a certeza de receber porque Deus “não joga em nossa cara” e ainda faz isso de forma liberal. A expressão liberalmente vem da palavra grega ‘haplos’, que indica generosidade e simplicidade. Deus dá não apenas na medida, mas de forma abundante. Ele dá a benção da sabedoria sem reservas e sem fazer do ato de dar uma complicação ou uma confusão. Deus simplesmente dá, pois é da Sua natureza ser bondoso e simples.
A sabedoria para passarmos pelas provações com alegria e para vivermos a Palavra de Deus em nosso dia-a-dia só será recebida por meio da fé que usamos para pedir. Contudo, para termos fé em nossa oração necessitamos baseá-la no caráter de Deus, que é liberal e gracioso. A fé se apoia na generosidade de Deus e não em nosso merecimento. A fé não vai a Deus achando apenas que vai receber a medida exata. Ela crê que Deus vai fazer além da medida. Que Ele é generoso. A fé não levanta confusões, complicações ou filosofias. Ela simplesmente sabe que Deus vai dar.
Deus vai dar com base em Sua liberalidade e não vai “jogar na cara” nossos erros. O Eterno não vai dizer frases do tipo: “Você vem pedir isso, mas olha o que você fez ontem!”, “Como tem coragem de pedir essa dádiva sendo esse tipo de pessoa?” ou “Quem você pensa que é para clamar por isso?”. Não, Deus não vai te censurar ou insultar, porque, em Cristo, Ele já te perdoou. O Senhor não está focado no quanto você merece, e, sim, no mérito de Cristo.
Em sua carta aos Romanos, Paulo ensina: “Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e, sim, como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Rm 4. 4,5). Nós não trabalhamos para merecer a benção de Deus. Quem trabalhou foi Cristo. Se você não crer no trabalho de Cristo, não terá ousadia para pedir nada para Deus. Não há fé para receber coisa alguma de Deus sem entender a graça por meio de Cristo. Por isso tenha ousadia e peça a Deus. Ele é generoso e “não joga na cara”.
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